Não faz muito tempo que a relação do homem com o trabalho era bem diferente do que temos hoje. Era preciso trabalhar de manhã à noite, todos os dias da semana, toda uma vida. No que fosse preciso. Nas entrevistas que fiz para o livro Os Imigrantes, o Transporte e o Progresso a palavra trabalho, repetida diversas vezes é uma constante. Outro dia, o empresário Paulo Ossani, de Vacaria, me contava que o pai dele, um dos pioneiros do transporte do estado repetia incessantemente: trabalho, trabalho, trabalho. Foi assim que construiu uma próspera empresa que persiste até hoje com a segunda geração da família no comando.
Mas o mais impressionante é que muitos desses homens pagavam para trabalhar. Hercílio Randon, o fundador da Randon – seu irmão Raul se juntaria a ele mais tarde – trabalhou de graça para aprender a consertar motores. Um ano inteiro, nem almoço na empresa ele tinha. No segundo ano, ganhava almoço, mas depois do expediente tinha que rachar lenha para o empregador. Só no terceiro ano teve direito a um salário.
Na Quarta Colônia Italiana, na cidade de Jaguari, Orlando Fração, trabalhou de graça durante três anos para aprender a dirigir. Depois, junto com os irmãos fundou uma das maiores empresas de transporte do Brasil: a Expresso Mercúrio!
Esta e outras histórias estão no livro Os Imigrantes, o Transporte e o Progresso. E aqui, semanalmente a gente tem um encontro com a história da imigração. Até mais!