O Brasil sempre teve uma figura nos bastidores que está ganhando mais do que devia, e fazendo bem menos do que deveria pelo tanto de dinheiro que migra dos cofres públicos para as suas contas bancárias. A história nos mostra que sempre foi assim. Hoje vamos falar de uma dessas figuras, um americano da Pensilvânia chamado Percival Farquhar.
Ele descobriu os tolos da América Latina. Construiu estradas de ferro em Cuba, na Guatemala e no Brasil onde fez grandes negócios com as esferas governamentais.
Farquhar obteve a concessão de transportes fluviais na bacia do Amazonas, esteve envolvido nas obras da abertura da barra da cidade de Rio Grande, e construiu a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande. No início do século XX ele tinha o controle de um imenso conglomerado de empresas que reunia companhias de energia elétrica, transporte, navegação, hotéis, extração de borracha, criação de gado, abatedouros, e, para forrar os cofres, o contrato de construção da Estrada de Ferro madeira-mamoré.
Mas vamos focar na ferrovia que ligava a cidade de Itararé, em São Paulo, a Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul. O trajeto, cheio de curvas e desvios, foi feito não só para encarecer a obra, visto que recebiam por quilômetro construído, mas também porque conferia a Farquhar seis milhões de acres de florestas nativas. Essa área era ocupada por pequenos proprietários há séculos, e foi doada para a companhia de Farquhar com o argumento que eram devolutas e desabitadas. De posse das terras, tendo inclusive o vice-governador do Paraná atuado como advogado da companhia na demanda, Farquhar começou imediatamente a derrubada da mata nativa e a exploração da madeira. Haviam imbuias com mais de 10 metros de circunferência e uma quantidade enorme de madeiras nobres. A atividade chegou a empregar mais de oito mil homens e foi o embrião para a Guerra do Contestado, uma história que veremos em um outro dia. Até mais!